Quero falar sobre um presente que dei para meu filho Bernardo.
Antes, porém, vou falar de meu pai e de como cheguei a este presente.
É prosa longa! Aceita me ouvir?
Puxa a cadeira e pega um café, um suco, um chá!
Já contei aqui neste blog que meu pai era um homem nascido em 1915. Um homem bom, amou-me com todo o seu coração, sempre senti isso.
Aqui vou trazer apenas um recorte, um detalhe de meu pai: revistinhas da turma da Mônica era proibido em casa. Ponto.
Lembro de ter assistido a uma entrevista com Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica e suas histórias em quadrinhos, onde ele dizia ter sofrido muito preconceito no início de sua carreira por conta de acharem que os quadrinhos eram literatura de baixo nível. Meu pai era uma dessas pessoas.
Cresci sem ter contato com os quadrinhos. Foi no curso Magistério que estudei literatura infantil e lá estavam as revistinhas absolvidas do olhar de meu pai.
Era um gênero literário, um estímulo à leitura.
Com meus filhos, incentivava-os com os quadrinhos. Levava em bancas de jornais para que escolhessem, nas livrarias, frequentaram o Parque da Mônica e curiosamente eles não tinham aquele interesse que eu gostaria.
Júlia chegou a comprar vários títulos da coleção Turma da Mônica Jovem, porém não passou de dez.
Acho que o contato maior que tiveram foi através dos livros escolares que sempre traziam tirinhas com as personagens e o desenvolvimento de algum tema.
Dito isto, vou para a parte de como cheguei a este presente.
02 de novembro de 2019.
Dia de Finados.
Lembro-me de acordar com uma manhã linda de céu ensolarado logo cedo.
Eu não iria a nenhum cemitério, mas queria ( e fiz ) reservar alguns momentos para reflexões, preces aos que se foram.
Acessei um site de notícias ainda pela manhã e tinha certeza de encontrar manchetes e notícias relacionadas ao dia de finados.
Talvez estimativa de visitantes nos principais cemitérios, preço de flor, homenagem pelas mortes coletivas em Brumadinho e eu me entristeci com o que vi ali nas notícias. Absolutamente nada que remetesse à data.
A notícia mais lida do dia era sobre uma pessoa conhecida que estava lançando um livro sobre detalhes picantes de sua vida sexual.
Foi então, que naquele momento, com a tristeza e indignação que eu sentia, um aviso sonoro notificava a chegada de um e-mail.
"Que tenhamos um dia de reflexão sobre a efemeridade da vida" ( Rosélia Bezerra ).
Fui buscar reflexões um site que vira e mexe acesso, o Vamos Falar Sobre O Luto? E lá me deparei com um texto que falava justamente da data de finados e havia sugestões de podcasts abordando o assunto.
Foi ouvindo um podcast que cheguei no presente:
Antes, porém, vou falar de meu pai e de como cheguei a este presente.
É prosa longa! Aceita me ouvir?
Puxa a cadeira e pega um café, um suco, um chá!
Já contei aqui neste blog que meu pai era um homem nascido em 1915. Um homem bom, amou-me com todo o seu coração, sempre senti isso.
Aqui vou trazer apenas um recorte, um detalhe de meu pai: revistinhas da turma da Mônica era proibido em casa. Ponto.
Lembro de ter assistido a uma entrevista com Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica e suas histórias em quadrinhos, onde ele dizia ter sofrido muito preconceito no início de sua carreira por conta de acharem que os quadrinhos eram literatura de baixo nível. Meu pai era uma dessas pessoas.
Cresci sem ter contato com os quadrinhos. Foi no curso Magistério que estudei literatura infantil e lá estavam as revistinhas absolvidas do olhar de meu pai.
Era um gênero literário, um estímulo à leitura.
Com meus filhos, incentivava-os com os quadrinhos. Levava em bancas de jornais para que escolhessem, nas livrarias, frequentaram o Parque da Mônica e curiosamente eles não tinham aquele interesse que eu gostaria.
Júlia chegou a comprar vários títulos da coleção Turma da Mônica Jovem, porém não passou de dez.
Acho que o contato maior que tiveram foi através dos livros escolares que sempre traziam tirinhas com as personagens e o desenvolvimento de algum tema.
Dito isto, vou para a parte de como cheguei a este presente.
02 de novembro de 2019.
Dia de Finados.
Lembro-me de acordar com uma manhã linda de céu ensolarado logo cedo.
Eu não iria a nenhum cemitério, mas queria ( e fiz ) reservar alguns momentos para reflexões, preces aos que se foram.
Acessei um site de notícias ainda pela manhã e tinha certeza de encontrar manchetes e notícias relacionadas ao dia de finados.
Talvez estimativa de visitantes nos principais cemitérios, preço de flor, homenagem pelas mortes coletivas em Brumadinho e eu me entristeci com o que vi ali nas notícias. Absolutamente nada que remetesse à data.
A notícia mais lida do dia era sobre uma pessoa conhecida que estava lançando um livro sobre detalhes picantes de sua vida sexual.
Foi então, que naquele momento, com a tristeza e indignação que eu sentia, um aviso sonoro notificava a chegada de um e-mail.
"Que tenhamos um dia de reflexão sobre a efemeridade da vida" ( Rosélia Bezerra ).
Fui buscar reflexões um site que vira e mexe acesso, o Vamos Falar Sobre O Luto? E lá me deparei com um texto que falava justamente da data de finados e havia sugestões de podcasts abordando o assunto.
Foi ouvindo um podcast que cheguei no presente:
Não tive dúvidas - queria presentear meu filho com o livro.
Aliás foi uma novidade para mim - eu não sabia que existia que em formato de livro, capa dura, uma história do Chico Bento. Grata surpresa!
A história foi escrita por Orlandeli com as bênçãos de Maurício de Souza!
É tão delicado, triste e bonito ao mesmo tempo, necessário.
Muitas vezes o óbvio precisa ser dito de novo e de novo.
Aqui aquele ensinamento que chacoalha. Que a gente já sabe, mas deixa passar.
A avó de Chico o chama para apreciar a florada do Ipê-amarelo e ele não vai.
Dias depois quando se lembra do pedido da avó e vai até o ipê...
Chico fica desolado. Não havia mais flores.
A avó acolhe a desilusão de Chico com um belo ensinamento:
"Ele passo o ano inteirinho sem chamá a nossa atenção.
Até qui suas froris ixprode numa belezura qui mais parece um milagre.
É argo único...
Um presente imbruiado num pedaço di tempo."
Depois desse dia, o menino tinha um sorriso no rosto! Ele tentava espremer cada gotinha de sabor que a vida tinha para oferecer.
Mas a vida não é só alegrias e os dias difíceis chegam ( e vão-se também ).
E assim a vó Dita adoece.
E Chico que já passou por uma perda, ( eu não sabia que ele teve uma irmãzinha que morrera ) teme pela avó.
O ipê explode novamente em flor!
A avó, como a gente vai percebendo durante a leitura, morre. Mas vive para sempre no coração do Chico, a cada florada do ipê, a cada sorriso que se encontra por aí.
Toda essa delicadeza da história, a força das ilustrações, me emociona cada vez que leio e releio.
É um livro sem idade, é para qualquer idade.
Estamos vivendo uma cultura, vivendo tempos de uma busca por felicidade em coisas que não vão nos oferecer felicidade - juventude, festas, bebidas, corpos esculpidos, lugares, compras e deixamos passar tanta coisa importante.
Não quero moralizar o dia de finados, obrigar todos a ficar em casa entristecidos.
Mas acho que nos organizamos para o natal, o carnaval, planejamos férias, curtimos o feriadão da Páscoa, por que não reservar alguns momentos no dia de refletir sobre a vida e a morte?
Aliás mergulhar numa história assim que fala de morte, nos faz valorizar e viver com mais intensidade as nossas vidas!
Para ouvir sobre este livro
Podcast Minha Primeira Vez por Caio Corraini
MPV Pocket #01
Chico Bento Arvorada
Apenas te ler, já foi um belo presente pra nós todos, creio! E acho que o Bernardo deve ter adorado. Faz bem refletir sobre a data, não precisa como flaste, reclusão, porém reflexão cabe em cada lugar! Emocionante o livro. Valeu o presente, não? Que bom o desenrolar, até chegar no livro... beijos, chica
ResponderExcluirBoa tarde, Ana Paula!
ResponderExcluirMeu coração vibrou pelas histórias que dão significado ao presente do Bernardo.
Acredito que todos encontramos um pouquinho de nós nesta história. Hoje, por exemplo, fui buscar a Laura na escola e ela perguntou: "mamãe, a professora de ciências pediu que cada aluno falasse o nome próprio, nome da mãe e nome do pai. A senhora acha que eu menti ao responder o nome do vovô?" Minha resposta foi: Não, Laura! Não mentiu porque o Amor vai além, inclusive, do vínculo sanguíneo! Por isso amamos a família, mas também os amigos!
Enfim, contei história também. rsrs Porque o meu pai foi a referência paterna que sempre existiu na vida da Laura. E assim como a avó viveu no coração do Chico, meu pai vive em nossos corações. E não mais fisicamente entre nós desde junho de 2018. Porém, mais vivo do que nunca no coração da Laura que nunca, nunca esquece o quanto o vovô amou a vida, nos amou e foi amado!!!
Me emocionei com a sua postagem!
Beijo!!
Renata e Laura
Oi Ana, que lindo presente, linda história e lição que ela nos deixa. São tantos detalhes pequenos que podemos aproveitar e passar para os filhos não é mesmo?
ResponderExcluirEu sou muito detalhista em relação à natureza, às coisas simples, às pessoas que me encantam, e faço sempre questão de passar à Maria essas pequenas coisas também. Acho que a sensibilidade tem grande influência numa vida menos dura e com mais empatia.
Lindas imagens mesmo desse livro... Me fez lembrar do filme "Viva a vida" vc viu?
Nossa, é maravilhoso, tipo essa história... tem o neto e a vovó no final. Não vou dar spoiler se vc não viu... e se não, assista... é emocionante...
Adoro seus contos... sei que venho aqui e vou ler coisas lindas...
Obrigada por esse presente!
Beijos
Tê e Maria ♥
Ana, seu relato é sempre tocante, porque é um pedacinho da sua vida, da sua história, e toca a gente porque nos remete a lembrar as nossas histórias de vida e de infância também...
ResponderExcluirLindo presente, linda intenção e história do livro...
Percebo que o luto é algo muito importante para você, e sua justificativa é real, porque se a gente se junta para comemorar, é necessário se juntar para relembrar pessoas importantes que foram na frente...
Eu entendo perfeitamente seus pensamentos, suas intenções, suas comparações e justificativas... Mas a verdade é que estamos em uma época muito dispersa, preocupante, como se felicidade pudesse ser vendida e como se pessoas fossem descartáveis...
Confesso que não sou adepta nem as festas anuais e nem ao luto, mas respeito.
Seu olhar é muito compreensivo, eu te entendo!
Minha dica é para você não se preocupar com todo mundo, mas fazer como seu paizinho querido fez, ou seja, espalhe o seu olhar e doçura em casa, aqui no blog, porque quando a gente muda tudo muda...
A gente não consegue mudar e tocar o mundo todo, mas a gente consegue mudar a gente e "quem sabe aqueles ao nosso redor"...
Reforce seus valores em casa, faça como seu pai e como a avó do livro fez, ou seja, compartilhe seu valores e olhar, mesmo que as pessoas ao redor estejam dispersar, porque uma hora serão tocadas por sua doçura e intenção...
Mas não se apegue muito ao luto, e sim a vida!
Os mortos devem receber nossa energia de amor, gratidão, e não de tristeza e falta, porque os mortos devem ser vistos e lembrados assim como o exemplo dos ipês e não na falta...
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Sei que é um assunto delicado e eu compreendo... E por sentir essa sua incompreensão, que eu vim compartilhar um pouquinho da minha visão e intenção...
Desculpa qualquer palavra que possa parecer ofensiva, porque não é a minha intenção... Meu desejo é dizer que eu te compreendo e compartilhar um outro angulo de visão...
Te admiro muito Ana, acho lindo e incrível seu talento pela escrita, seu jeito marcante e maravilhoso de relatar acontecimentos lindo e maravilhosos da vida...
Seu olhar atento, sua empatia, seu carinho nos detalhes, emocionam a gente, e faz nossos corações serem tocados... Te admiro muito.
Beijinhos doces,
Ju
Oi Ana, que belo relato encontro aqui, com uma bela historia.
ResponderExcluirEstava tomando cafezinho com Tê lendo dobre Nekem e sobre teatro de sombras e vi você por lá e vim tomar um cafezinho aqui também, pois sempre tem uma prosa boa.
Interessante esta aversão do querido pai pela obra do Mauricio, que eu devorei. Mas esta de Chico Bento desperta uma curiosidade, pela maneira como você apresenta. Um livro que ultrapassa a barreira infantil e nos leva a reflexões sobre viver e ser feliz. Muito bom Ana e creio que tem toda razão, quando provoca a reflexão sobre o dia dos Finados, que apesar de ainda carregar esta marca de tristeza e saudades, nos leva a falar de vida, que é o mais importante a ser priorizado.
Muito boa apresentação Ana. Grato.
Bom fim de semana com paz e alegria amiga.
Beijo de paz.