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Setembro amarelo - parte II


Durante a palestra que participei, a psicóloga abordou a diferenciação entre tristeza e depressão, o comportamento do adolescente, que tende a ser mais distante dos pais, mas que não pode ir para um extremo de só viver no quarto dele e perder a comunicação com a família.

Porém, foi a partir das perguntas aberta aos pais que o panorama foi ficando mais claro.

"Por que essa geração é tão sensível, tão cristal que tudo vira um imenso sofrimento?"

Essa mãe fez a pergunta que eu não tive coragem de fazer.
E foi um enorme aprendizado, porque eu admito que ainda tenho pensamentos assim " é muita frescura, nunca sofreu, nunca passou por dificuldades". Mas eu me dispus a ir com o coração aberto para acolher e refletir. E tenho muito ainda a refletir...

Havia sido falado sobre crianças e adolescentes em situação vulnerável - moradores de comunidades sem segurança, desemprego, falta de escolarização e por aí vai.

Mas, e no cenário de uma escola particular onde esse tipo de vulnerabilidade não existe? E onde ocorre muitos casos de depressão e automutilação e tudo o mais?

Ela, a psicóloga, respondeu com a resposta de um renomado psiquiatra, a quem ela mesma fez essa exata pergunta.

Ele disse que ainda não há uma resposta para essa geração porque as mudanças vieram de maneira muito rápidas - da tv na sala passamos velozmente ao celular na palma das mãos.
Mas ele ousou enumerar alguns fatores:

- as relações estão empobrecidas

- as crianças e adolescentes não sabem nomear sentimentos: um verdadeiro analfabetismo emocional ( como você está, o que está sentindo "normal"- essa é a resposta padrão )

- não se faz mais refeições em família para haver também uma troca com cada membro, falar do seu dia, da sua manhã, dos seus planos para a tarde e quando se faz, cada um à mesa olhando para a tela do celular.

- aparato tecnológico - as crianças e adolescentes estão perdidos em meio a tanta informação disponível

- baixa capacidade de suportar a frustração 

Ouça, acolha e se disponha
E não compare com sua época

Esse foi o maior aprendizado que eu trouxe.
Quando seu filho for lhe contar algo, ouça-o realmente, largue o que esteja fazendo e olhe nos olhos dele, mostre que aquilo que ele está trazendo tem importância.

A maioria dos adolescentes que tentaram tirar a própria vida, relataram que os pais nunca os ouviam.

E algo que nós pais fazemos muito, bem, eu pelo menos faço, comparar com a minha época.

"Ah mas no meu tempo a gente levava o material da escola num saco de arroz".
Isso não faz parte do mundo deles, não tem significado algum. É difícil até, para eles imaginar e é chato.

Eu acredito realmente que nós aqui dos blogs, estamos no caminho, mesmo errando porque faz parte, para uma boa educação, para muito acolhimento. Porém pode acontecer ao redor dos nossos filhos, com um colega, com uma amiga da escola e precisamos ensiná-los a como ajudar, levando a situação a um adulto que possa conduzí-la da melhor maneira possível.

O suicídio é um processo, ele vai se moldando de maneira lenta. Saber identificar quando alguém precisa de ajuda é muita ajuda.

Que esses índices diminuam cada vez mais e que o nosso setembro seja amarelo apenas para admirarmos a beleza dos ipês floridos.

Obrigada por ler sobre esse assunto tão difícil

Comentários

  1. Simplesmente um grande momento de aprendizado! Que bom foste e ainda aqui compartilhaste!

    Um tema que temos que estar de olhos bem abertos!

    Valeu! Bjs,chica

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