As lições da terra

 

Gostaria imenso de ter participado da prosa lá Na casa da Vizinha, infelizmente não foi possível. Hoje porém eu me alegrei muito ao ler os relatos de infância das meninas!

Eu havia separado um texto para encaixar na postagem que pretendia fazer. Não sei realmente como costuraria os temas, porém como acho este testo de uma beleza profunda, quero deixá-lo aqui para meus filhos, para mim mesma, para você que gentilmente me oferece seu tempo para ler.

O texto é um ensinamento, uma lição do Buda para seu filho Rahula.

O contexto é o seguinte: Rahula, o filho do Buda, caminhava junto a vários monges. Buda ia na frente e Rahula, então um adolescente, era o último da fila. De repente, distraiu-se e fez algo errado. O Buda percebendo chamou-lhe a atenção perante todos os outros.

Rahula ficou muito chateado, triste por ter sido repreendido na frente de todos e num determinado momento, disse a seu amigo para seguir que ele ficaria ali debaixo de uma árvore. O amigo, depois de um tempo retorna para fazer-lhe companhia e logo depois chega o Buda e diz:

“Rahula, aprenda com a terra: se as pessoas espalham flores fragantes e puras ou derramam perfumes ou leite fresco sobre ela ou ainda descarregam fezes imundas ou mal cheirosas, urina, sangue, mucos, cuspindo nela, a terra recebe isso igualmente, sem apego ou aversão.

Quando pensamentos agradáveis e desagradáveis surgirem na mente, não os deixe enredar ou escravizar você.

Aprenda com a água Rahula: quando as pessoas lavam objetos sujos nela, a água não fica triste ou lamenta. Aprenda com o fogo - também o fogo queima todas as coisas sem discriminação. Ele não se envergonha por queimar substâncias impuras.

Aprenda com o ar. O ar carrega todas as fragrâncias sejam aprazíveis ou repulsivas.

Rahula pratique a generosidade para sobrepujar a raiva. A generosidade amorosa tem a capacidade de levar a felicidade aos outros sem pedir nada em troca. Pratique a compaixão para sobrepujar a crueldade. A compaixão tem a capacidade de remover o sofrimento dos outros sem esperar nada em retribuição. Pratique a empatia alegre para sobrepujar o ódio. A empatia alegre surge quando alguém se rejubila com a felicidade alheia e deseja o bem estar e o sucesso dos outros. Pratique o não apego para sobrepujar os preconceitos. O não apego é o modo de olhar para todas as coisas abertamente e igualmente. Isto é porque aquilo é. Aquilo é porque isto é.

A minha pessoa e os demais não se acham separadas. Não rejeite uma coisa apenas por estar correndo atrás de alguma outra coisa.

Rahula, generosidade amorosa, compaixão, empatia alegre e não apego são belos e profundos estados mentais. Chamamo-la de “as quatro incomensuráveis”. Pratique-os e você se transformará em uma revigorante fonte de vitalidade e felicidade para os outros.

Rahula medite sobre a impermanência de modo a dissolver a ilusão de um eu. Medite sobre a natureza do nascimento do corpo, seu desenvolvimento e morte de modo a liberar-se dos desejos. Pratique a observação da respiração, a mente atenta. A respiração atenta conduz a grande felicidade.

O Buda ensinou de todo o coração e suas palavras foram simples, porém profundas “.

Extraído do livro Velho caminho Nuvens brancas - seguindo as pegadas do Buda da editora Bodigaya.

As aulas online seguem por aqui, dispositivos eletrônicos ocupados, mas sempre que surge uma abertura, corro aqui. 

Que vocês estejam bem e saudáveis! Estou com saudade.

Ana Paula