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Escrito à mão


Na bagunça que é fazer uma mudança de casa, entre caixas, coisas para empacotar, desfazer, prioridades, lembro-me de ter encontrado uma revista de 2015. Eu a tinha guardado por algum motivo que, lá no final de novembro do ano passado, apressada com a mudança, eu realmente não me lembrava o que haveria naquela revista para ser guardada. 
E tampouco haveria tempo para descobrir.

Já tem meio ano que nos mudamos e dia desses, desses de confinamento, distanciamento, quarentena, fui limpar e organizar gavetas e de uma delas, saltou a revista!

Dediquei-me a folhear a tal revista e em suas últimas páginas encontrei o motivo por tê-la guardado por tanto tempo!

A verdade é que eu já deveria ter escrito sobre o assunto e fui deixando...

Tudo começou quando uma jornalista, escritora, pessoa querida que se define com um "café coado", pediu ajuda para uma pesquisa que estava fazendo. Era pela internet mesmo e levava menos de cinco minutos. Perguntas e alternativas nas respostas.

Achei tão gostoso de responder que falei para o Bernardo, convidando-o também a responder. Ele aceitou.
E logo depois conversamos sobre o assunto abordado e as nossas respostas.

As perguntas giravam em torno da nossa preferência entre escrever manualmente ou de forma digital.
Como prefere fazer lista de supermercado? Papel e caneta ou celular?
E várias outras perguntas no mesmo estilo.

Eu tinha como certo que o Bernardo responderia a maioria das perguntas dizendo preferir o uso das tecnologias para escrever e para minha surpresa ele disse preferir escrever manualmente.

Havia uma pergunta sem opção de alternativas, um espaço em branco, para se escrever o que quisesse.

Bem, tempos depois a jornalista disse que a pesquisa tinha servido de base um texto e fora publicado na revista. Comprei a edição e me deliciei com a leitura!

Outras surpresas aconteceram...

Quando mostrei para Bernardo a matéria, ele leu e me disse: "olha, isso foi o que eu escrevi para a moça e ela publicou!"

Era algo que eu nunca soube. Foi ali na matéria publicada que me foi revelado...

Coloco aqui o trechinho:

"Adorei esta: "Por escrito eu digo coisas que eu nunca falo". Mas detestei saber que diziam para um menino canhoto que a letra dele era feia, porque usava a mão "errada".*

O menino canhoto é o Bernardo.

Eu nunca fiquei sabendo que falaram isso para ele. Foi então que ele me contou.

Essa é a letra do Bernardo hoje. Mais números do que letras!
Ou como diz meu marido: "Eita que é bonita essa matemática que tem mais letras do que número e eu nunca entender nada disso! "








letra da Júlia com seus "lettering"

A matéria abordava a importância comprovada para o cérebro com o ato de escrever à mão; falava também da mudança da nossa letra com o passar dos anos.

Eu gosto de escrever à mão, escrevo cartas de próprio punho!

Levei cinco anos para escrever este texto. Ainda bem que saiu e já aproveito para tranquilizar os corações que ficaram aflitos como o meu: Bernardo sente-se muito bem com sua letra, é elogiado e segue escrevendo com a mão esquerda, números e letras e eu acho lindo!

* Matéria da Viviane Zandonadi para a revista Vida Simples edição 164 de novembro/2015.

Comentários

  1. Ana, que legal esse achado bem guardado... E ver a resposta do Bernardo, que amor! Aqui em casa tenho Zezo que é canhoto e lembro como teve comentários desse tipo...Ainda bem não os atingiram, né?
    Agora as letras dele são números, praticamente...Bah!!

    E a da Julia, linda, caprichada!

    Eu gosto e escrever à mão, mas o faço cada vez menos...Só lista de compras, recados pra lembretes na geladeira, etc...

    beijos, lindo dia! Aqui novamente, com um ciclone prometido...Que seja mais calmo que o da semana passada!!! chica

    ResponderExcluir
  2. Oi Bernardo, tudo bem? Um segredo!
    Também sou canhota e meu irmão também!
    Meu marido também! e Meu pai também era!
    Mas meu pai e meu marido foram obrigados a escrever com a mão direita.
    Achavam que era errado escrever com a esquerda.
    Pai seguiu sua vida escrevendo com a direita, pois acostumou, mas fazia todo o resto com a esquerda.
    Cris, meu marido, segue escrevendo com a direita, até a adolescência conseguia escrever com a esquerda tb. Hoje não, só faz algumas coisas com ela.

    Eu e meu irmão continuamos canhotos e nunca mudamos!

    Acho lindo escrever com a esquerda.. justamente por ter menos pessoas que escrevem!
    Sua letra e de Júlia são lindas! ♥

    Eu achava minha letra feia e passei a escrever letra de forma a partir dos 16 anos. É assim até hoje. Estou devendo algumas cartas pra sua mãe.. Não esqueço. Vou apresentar minha letra então ...( ͡❛ ᴗ ͡❛)

    ♥♥♥
    Ana, eu amo os seus contos.. que delícia.. fica até ansiosa pra ler tudo e ao mesmo tempo quero degustar cada palavra rs

    Quero saber (hoje) pq sua amiga se dizia "Café Coado"

    As vezes tenho vontade de ir aí prosear de perto. com você..

    Um beijo grande! Até logo!! ◕‿◕

    (reformulei o comentário.. apaga o outro pra mim por favor?)

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  3. Boa tarde, Ana Paula!

    Meu irmão e sobrinho são canhotos!

    Confesso que a frase do Bernardo exemplifica minha preferência de escrever, mais que falar! rsrs

    Me farto escrevendo, digitando ou no papel, não importa. Porém... da agenda de papel não consegui abrir mão. Uma vez até tentei usar a agenda do celular. Mas não deu certo. rs

    Beijo!!

    Renata e Laura

    ResponderExcluir
  4. Boa noite Ana.
    Como um simples abrir de gavetas, vem surpresas e lembranças inesperadas.
    Que bacana essa interação, que sempre surgem conversas e respostas inesperadas, entre pais e filhos...
    Amei saber que a frase do Bernardo foi publicada em ma revista tão incrível.
    .
    As vezes a gente guarda uma crítica, que no fundo o peso está mais na pessoa que falou, do que no fato em si...
    Ser canhoto é legal, é diferente, é especial por ser poucas pessoas, enfim, nunca tinha visto dessa forma tão negativa....
    .
    Achei incrível essa interação entre vocês.... Apesar do Bernardo ter compartilhado uma frase nada agradável dita para ele, foi recompensado e muito bem acolhido, mesmo que talvez tempo depois...

    Eu amo escrita a mão!
    Linda postagem e recordação.

    Beijinhos
    Ju

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