Pular para o conteúdo principal

Os dias por aqui

As manhãs começam cedo por aqui.
Júlia inicia as aulas em tempo real, como se estivesse na escola, às sete da manhã. Fazem dois intervalos, parada para o almoço e retomam na parte da tarde. Para a noite, tarefas, listas de exercícios, estudar para as provas que acontecem semanalmente todas as quintas-feiras, sem falar nas redações que precisam ser entregues.
A escola da Júlia se adaptou em alguns dias para esse ensino remoto, à distância. Adaptaram o sistema para receber as redações escaneadas e as mesma voltam com a devida correção; há também plantão de dúvidas, onde vídeos são gravados esclarecendo os questionamentos. Nos intervalos, quando entro no quarto pata levar um lanche, vejo as amigas dela no celular. Tomam lanche juntas e discutem sobre as aulas que tiveram!

Bernardo só começou com aulas na semana passada. O sistema adotado pela faculdade é diferente da Júlia. As aulas são gravadas e ficam disponibilizadas para serem assistidas quando quiserem, há também as listas de exercícios e muito material para ser entregue com prazos determinados.
Ele também passa o dia dedicado agora aos estudos ( já não tenho companhia para cozinhar! ).

Júlia fez uma observação interessante quando eu a questionei sobre parecer que ela tem mais coisas a fazer do que quando ia para a escola. E ela me disse que sim, era verdade. Na opinião dela, os professores estão se estendido inseguros quanto a saber se realmente o aluno está aprendendo e por isso acabam carregando um tanto mais as matérias.

Tenho lido muitas críticas ao fato de haver escola à distância neste contexto tão triste da pandemia.
Já me questionei várias vezes se realmente isso é bom, se este é o caminho, se é importante um ano letivo, conteúdos, notas...
Claro que num olhar amplo, importa a vida. Hoje até o período da tarde, são 8.500 mortes em nosso pais.

Há também o contexto dos empregos a serem mantidos dentro da escola. De faxineiros a professores e manter o ensino a distância é também uma forma de garantir esses empregos.

Outro olhar que trago é o da faixa etária da criança. Para os menores deve mesmo ser bem mais difícil, necessitando da ajuda dos adultos. Para os adolescentes mais fácil editar neste mundo digital, eles se adaptam bem.

Perguntei à Júlia o que ela achava dentro deste cenário onde muitos estão questionando se há valor em tudo isso.
A resposta é que sim, ela prefere estar ocupada e envolvida com as questões escolares, falando com amigas sobre isso. A crítica que ela faz é que a escola ( que ela frequenta ) poderia abrir um espaço para as conversas de caráter mais emocional. Ela conhece pessoas que antes queriam fazer medicina e agora estão confusas se realmente, ao verem o cenário da pandemia, se é isso mesmo que querem. Há também que esteja com medo até de voltar para a escola num futuro ainda indeterminado.

Eu escreverei um e-mail para a escola sugerindo essas rodas de conversa ou algo digamos mais leve.

Algo bom que tem acontecido por aqui é a interação dos irmãos. As dúvidas das Júlia muitas vezes são esclarecidas pelo irmão!

Outra coisa que alegra os dias são os professores, de suas casas dando aula e de repente, apresentam o gatinho, a professora grávida que prometeu um tour pelo quarto do bebê quando ficar pronto. Uma proximidade que a tecnologia trouxe! Tem professor mostrando a estante de livros, tem aulas sisudas e outras de fazerem rir.

E agora me contem, como está para vocês essa questão da escola, do emocional das crianças?






"Mãe, o bom da aula em casa é que pode comer enquanto o professor explica!"


Comentários

  1. Que legal! Por aqui,Neno tem aulas normalmente, cheio de trabalhos. Gosto que assim seja,prefiro que estejam ocupadas as crianças pois assim ficam mais parecendo a normalidade( que na verdade, de normal, nada tem!) mas é importante que pelo menos essa rotina aconteça. Me divirto quando Neno me chama pra ver o professor que aparece cheio de filtros, om orelhas, bigodes, etc, pra tirar a sisudez do momento... è divertido. Embora os trabalhos sejam dados de roldão. Agora mesmo, está lá numa aula de filosofia... E assim vamos! Estranharemos, acho quando tivermos que nos preocupar com as ruas, o frio, a chuva...Aqui está protegido,rs... E nós, na quarentena? Cada dia é um dia! Acontece de tudo e daqui de dentro temos que rezar, assimilar, comprar, receber pacotes de compras, etc e tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuudo mais! Vamos indo e esperando que todos se conscientizem. beijos, chica

    ResponderExcluir
  2. Bom dia, Ana Paula!

    Gosto das aulas remotas. Para dizer bem a verdade sempre fui admiradora dos pais e filhos que venceram barreiras fazendo Homeschooling. Embora não seja o caso agora por se tratar de caráter emergencial, estou gostando das aulas on line, aliás tendência já a tempos. Acho mais tranquilo, mais eficiente e mais barato.

    Por aqui, as férias foram antecipadas desde o dia 27 de abril, quando o colégio lançou as primeiras notas. No próximo dia 13 de maio, as aulas remotas serão retomadas. Laura ressalta a liberdade de organizar-se ao longo da semana para estudar fazendo seus próprios horários e prioridades.

    Feliz dia das mães, todos os dias agraciadas por viverem os desafios e os prazeres desta missão tão linda e divina!

    Beijo!

    Renata e Laura

    ResponderExcluir
  3. Boa tarde Aninha.
    Vitor está na quarta série, e os estudos estão bem puxados também, mas eu rapidamente encarei o desafio e estamos nos dedicando ao máximo... E quando digo nós, é porque é nós mesmo, e não tem como ser diferente... Vitor tem 9 anos, ainda precisa de auxílio, e eu aproveito cada minuto, porque sei que isso sim, dará MUITAAAA saudade!
    É como você falou, estudos a distância mantem empregos, empregados, e até uma mente ocupada, ativa, não podemos parar...

    O momento é de reflexão, aprendizado, um novo experimento da vida, dos dias... Para o futuro quem sabe um meio termo, estudos e aulas remota em casa, provas e atividades excepcionais na escola, quem sabe, talvez...
    Já tinha ouvido falar dos trabalhos do futuro, novas formas de interação do futuro, vida futurista que abrange novos formatos, mas nunca imaginei estar tão perto da gente... Assunto futurista, para mim era coisa para daqui mais de 100 anos, entende...

    Acredito que muitas pessoas terão que se reinventar, recomeçar, isso é um fato...
    Não está fácil para ninguém, mas o momento é de olhar para dentro, voltar as raízes, se reconectar com o Ser interior, com Deus, para recomeçar...

    Percebo que seus tesouros (Júlia e Bernardo) estão aproveitando muito bem o tempo, os estudos, a família, e isso é bom demais! Top!!!!!

    Isso que você comentou sobre a formação da medicina é algo preocupante, porque onde as pessoas se perderam no caminho?
    Medicina é entrega, cuidado, e como pode as pessoas ter medo?
    Medo do que? Medo de quem?
    Todo mundo um dia terá que morrer, mas os médicos tem uma missão linda, cuidar, salvar, fazer de tudo para zelar por vidas...
    Fico pensando, cadê a fé? Cadê o amor?
    A sociedade tem distorcido, e feito da medicina status, mas na verdade é entrega, dedicação, responsabilidade... Assim como os bombeiros, salvam vidas....

    É preocupante o cenário atual... Parece que as pessoas vivem amedrontadas, ou no mundo da lua, querendo viver só de sol e água fresca... As pessoas parecem não ter mais compromisso, amor... Por isso tenho a impressão "as vezes" que esse vírus é mais que um vírus, é consequência de uma sociedade egoísta!
    Desculpa "talvez" minhas palavras um pouco dura...

    Deus abençoe as famílias, despertem o amor pela vida, o amor ao próximo, o amor pela natureza, por Deus que é tudo isso junto e misturado...

    Beijos doces no coração,
    Ju

    ResponderExcluir
  4. https://poemasdaminhalma.blogspot.com/
    Olá!
    Passei por aqui e gostei de ler este interessante texto de estudo em casa e em família..
    Esta é a realidade do mundo de hoje, em tempo de pandemia, ou batalha para disseminar o tal bichinho invisível que o mundo luta contra o tempo sem cessar... à procura daquilo que não descobre.
    E esta foi realmente a primeira forma de dar continuação às aulas dos estudantes.
    É diferente, maçador, acredito que não seja por muito tempo, espero sinceramente.
    Os meus filhos são professores também dão aulas à distância e dizem ser muito cansativo. Gostei de ler, obrigada.
    Abraço de paz
    Luisa Fernandes

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Meu menino, 21 anos!

  26 de janeiro de 2024. Celebramos hoje 21 anos da vida do Bê! Que felicidade, que alegria imensa poder celebrar a tua vida meu filho querido! Cuidar da tua vida tão preciosa foi um presente para mim e eu o fiz com amor e dedicação. Falhei, fiquei aquém muitas e muitas vezes; saiba porém que procurei oferecer o meu melhor. Certa vez li algo assim: "não menospreze os clichês, as verdades tão repetidas que chegamos a achar bobagens". Criar filhos para o mundo é um desses clichês, que a gente fala principalmente quando  nossos filhos são pequenos, e agora é realidade! As asas estão prontas para ganhar e receber o melhor do mundo! O ninho de nossos corações sempre estarão aqui para te acolher.  Te amamos filhos 💙

A simplicidade do perdão na maternidade

"Anthony Ray Hinton passou trinta anos no corredor da morte por um crime que não cometeu. Ele estava trabalhando em uma fábrica trancada na hora do crime do qual foi acusado. Ao ser preso no estado do Alabama, foi informado pelos policiais que ia para a cadeia porque era negro. Ele passou trinta anos em uma cela minúscula, e só podia sair uma hora por dia. Durante o tempo que passou no corredor da morte, Hinton se tornou conselheiro e amigo não apenas dos outros prisioneiros, 54 dos quais foram mortos, mas do guardas também, muitos dos quais imploraram que o advogado de Hinton o tirasse de lá. Quando uma decisão unânime da Suprema Corte ordenou sua soltura, ele finalmente estava livre para sair.  “Uma pessoa não sabe o valor da liberdade até que ela lhe seja tirada”, disse-me ele. “As pessoas correm para fugir da chuva. Eu corro para a chuva. Como poderia uma coisa que vem do céu não ser preciosa? Tendo sido privado da chuva por tantos anos, sou grato por cada gota. Apen...

Florescer em meio às adversidades

Eu devia estar deixando a adolescência e iniciando a minha juventude quando descobri/aprendi que a palavra crise, no ideograma chinês, trazia consigo o significado de oportunidade. Toda crise então, carregava em si uma oportunidade, talvez ainda não revelada. Por um certo tempo, aquilo me serviu. Um emprego em que eu não era chamada, ou quando era demitida, lá estava a oportunidade de algo maior. O mesmo para algum "paquera" que não dava em nada, certamente haveria uma outra, uma melhor oportunidade me aguardando lá na frente. A palavra crise dos chineses não me serviu quando a crise era muito mais que uma crise. Um luto, uma traição... nestes casos era difícil enxergar uma oportunidade lá na frente. Perder um pai, uma mãe, um filho. Que oportunidade haveria nisso? Senti que era raso aquilo que por um tempo havia me servido. Cresci sendo ensinada a ser uma boa pessoa; rezar; bater três vezes na madeira para não atrair coisa ruim; pular ondas; vestir a cor certa para um...