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Diversidade

O projeto Na Casa da Vizinha traz, neste dia da Consciência Negra, um tema tão riquíssimo, abrangente e necessário neste cenário que temos de intolerâncias.

Eu gostaria de ter proporcionado aos meus filhos, na infância, um convívio, um contato com as tão diversas culturas de nosso tão vasto país. Esbarrei nesta vastidão territorial e os muitos obstáculos que me impediram de realizar esse desejo - viajar "brasis" afora.

No que hoje é chamado "ensino médio", eu fiz o Magistério com especialização em educação infantil. Trouxe dali uma bagagem cheia de reflexões que usei e uso na maternidade.

Como a criança é livre, aberta, curiosa. Ela pode questionar sim porque a pele é negra, porque o olho é puxado, mas são as nossas respostas e concepções que podem fazer nascer o preconceito.

A diversidade da linguagem, da maneira de falar, de dar nomes às coisas, é algo tão riquíssimo, mas que a gente pode transformar em errado e gerar uma percepção de que aquele outro ser que fala de determinada maneira é menos.

Como não pude andar por aí com as crianças e encontrar todas essas diversidades, busquei na cultura, nos livros, nas histórias, uma maneira de de aproximar os pequenos do diferente de seu pequeno mundo.

E depois com o ingresso na escola, foram ampliando ainda mais essa vivência.



Festival do Japão num parque 



Conhecendo um pouco a cultura indiana
culinária, danças típicas


Mestre Jango mostrando um pouco da sua cultura africana
na abertura de uma conversa literária com o
moçambicano Mia Couto

A escola é um ambiente muito propício para vivenciar essa diversidade. E como pais, temos que estar atentos, com escuta empática para tudo o que nossos filhos trazem, saber como a escola trabalha a diversidade, como é realmente a inclusão.

Muito do que as crianças expressam, vem de casa, dos pais, dos familiares, então é preciso primeiro  olharmos para nós mesmos. Como estamos vendo esse mundo em plena transformação? E como passamos esse olhar para nossos filhos?

Precisamos ir além do gosto/não gosto para o principal - respeito.

Eu acredito que conhecer diferentes culturas, religiosidades, etnias ajuda a alcançar esse respeito.

Há muitas qualidades que precisam ser cultivadas. Compaixão é uma delas.
Podemos cultivá-la, podemos abrir nossos corações e para isto temos que olhar além dos nossos círculos tão conhecidos.

Há alguns anos, as crianças e eu, participamos de um projeto muito interessante que foi feito por uma jornalista, deficiente física, que fez uma jornada pela África.

Apoiamos via "vaquinha virtual" o seu sonho, fomos acompanhando trechos da viagem, até o nascimento do livro que chegou em nossos mãos!







Aqui temos uma realidade de conflitos, de fome, de dor.
É um olhar difícil, mas necessário.

Um outro projeto, pelo qual eu sou encantada, é o Território do Brincar.
Pipas bicudas, brincadeiras de elástico, barquinhos, petecas, pião de biorra, brincadeiras de palmas, enfim, é de uma riqueza imensa!
Assistam os vídeos com as crianças! Ver que existem tantas possibilidades de alegria, de brincadeiras para além dos brinquedos de "marca" é uma maneira de colocá-los em contato com outras realidades de uma maneira leve.


Esse é um assunto que nunca se esgota.
É uma esfera da vida que sempre vai nos pedir para olhar, refletir, mudar, ajustar, aprimorar.
Aqui em casa estamos debruçados, estudando, praticando, conhecendo a compaixão.

Esses dias eu fiz uma pergunta para meu filho e fiquei extremamente feliz com a resposta.

- Filho, você vê preconceito lá no alojamento, principalmente com o pessoal que entrou por cotas?
- Absolutamente nada. Não tem diferença mãe, passamos todos juntos pelos mesmo sufocos!

Que alegria ver essa geração com esse olhar! Não tem diferença, somos todos iguais!
Lá no alojamento da facudade, só da turma de meu filho são 120 pessoas. Cearenses, gaúchos, goianos, fracos, fortes, tímidos, festeiros, evangélicos, ateus, católicos. Todos estão juntos, se respeitando, se ajudando.

A data do Dia da Consciência Negra é recente e tão necessária. Temos muito o que refletir como sendo um país que foi escravocrata e todas as marcas negativas que isso deixou. Há muito o que ser feito, mas eu vejo também que, embora a passos lentos, temos progredido. A mídia, a televisão mostram isso - os negros estão nas publicidades, nas novelas, nos filmes.
Claro que isso é só uma parte.
A violência que recai sobre os negros, sobre as periferias ainda são espantosas.
A data, as políticas públicas são necessárias assim como é necessário olharmos para nossos corações e nossas atitudes perante o diferente, o diverso.

Tê e Cris, obrigada por mais essa blogagem coletiva com uma tema muito relevante!


Participe também!

Que as férias de todos sejam cheia de alegria e sorrisos! 






















Comentários

  1. Ana, nem esperava outra coisa ao aqui passar...

    Sabia que iria encontrar texto cheio de verdade e palavras lindas, mas não das de boca pra fora e sim as da realidade na tua família!

    Tão bom saber que filhos e netos tiveram esse respaldo em casa e nas escolas, parques da vida, feiras, exposições, etc...Tenho certeza, levarão adiante por onde passarem. Foi mesmo muito lindo brincar junto nessa BC das gurias e que volta em fevereiro. Tudo de bom pra todas, obrigadão pelos belos textos e reflexões! E eu, sim, às voltas com tudo que possas imaginar pra chegada do Gordo. Entre uma fornada, passo nos blogs... E, como a velhice anda dando sinais, berinjelas torradas, já aconteceram...Pior é que sinto o cheiro de queimado e ainda penso: Alguém está queimando algo,rs... Muita caduquice! Mas vamos indo! bjs, tudo de bom,cica

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  2. Primeiro tenho que rir da Chica, rs.. Faz graça rs..
    Ana, bom dia, concordo com a amiga Chica. É tão bom ler sua realidade sempre tão rica e sensata.
    Pelas fotos e relatos já vemos sim a convivência e aprendizado sobre a diversidade que concordo com vc, É tão rica!!! ❤️ Eu Tb acho que é da criança questionar suas diferenças vendo o coleguinha. São muito inocentes e estão descobrindo o mundo, mas é nessa hora que se não tiver uma pessoa humana e coerente do lado, tudo pode ser danoso. Exemplo, uma boa palavra é o que há de melhor. Vc me fez lembrar de uma priminha. A mãe contou que qdo ela era pequena, olhou para uma funcionária da escola negra e perguntou, com outras palavras, se tinham passado tinta nela..
    Olha qta inocência..
    Dar uma boa palavra e mostrar a beleza da diversidade é mais do que obrigação nossa, é compaixão.
    Muito obrigada por ter estado toda a blogagem com a gente.

    Fico com o coração em festa por ter vcs com essa diversidade de Vivência.
    Deus abençoe.
    Até a volta com a BC e como disse a Chica, entre uma "fornada" e outra aparecemos rs..
    Beijos doces no coração ♥

    Tê e Maria 🖤

    Obs. Como não tem editor nos comentários, exclui pra corrigir umas palavras..

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  3. Ana querida... Que linda a tua blogagem. Que riqueza ver o quanto buscou nos livros e literaturas sobre a diversidade.
    Creio que é nosso papel como pais aguçar temas e propor conversas, discussoes e TB ensinar.
    Assim vamos aprendendo todos juntos.
    Coisa linda saber do seu menino e toda a diversidade de culturas e raças em seu alojamento e saber que todos estão juntos, unidos.
    É isso que queremos .
    E o quanto é importante tratarmos essas questões.
    Obrigada por vir conosco em mais essa prosa... E ficamos ansiando por fevereiro em mais uma blogagem.
    Obrigada por seu carinho e participação. Somamos juntas disso tenho certeza.
    Bjs, Cris

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  4. Ana, que lindas fotos, que fofura as crianças ainda tão pequenininhas!!!!
    Vontade de beijar essas bochechas fofas!!! rs
    Sim Aninha, precisamos cultivar essa compaixão, o respeito, o amor, a diversidade a parti da gente... Tudo começa por nós, somos o exemplo sempre....
    Que lindo esse projeto da vaquinha, e como esse mundão é cheio de diversidade mesmo... Mas acima de tudo, a gente precisa se valorizar, para assim valorizar o próximo... Porque penso que cada um é o que é, cada um vem de uma família, tem uma condição financeira, e não tem mais ou menos, temos pessoas diferentes... Claro, o preconceito e a miséria ninguém merece, mas a gente precisa também aprender a amar o que temos, o que somos, e nunca deixar de lutar por nossos sonhos e conquistas....
    Linda postagem!!!
    Beijos doces,
    Ju

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  5. Boa noite, Ana Paula!

    É muito importante demonstrar, conforme você fez, o compromisso com o respeito. Portanto, implementar maneiras práticas de desenvolver a compaixão, a solidariedade. E assim cultivar hábitos corretos, habilidades de vida que firmam-nos no caminho certo.

    Obrigada pela companhia ao longo deste tempo de especial aprendizado umas com as outras. Foi uma alegria fazer parte deste Projeto. Até breve.

    Um beijo!

    Renata e Laura

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  6. Que show Ana, eu adoraria que você tivesse tido esta oportunidade de interação e integração pelas culturas. Educar um filho neste mundo onde impera tantas intolerâncias é mesmo uma arte,. Ainda não se explica o caso das cotas e fica parecendo discriminativamente como uma esmola, um favor e por outro lado tantos casos de falsas identidades para se usar as cotas. Claro estamos num país complexo de pessoas que absorveram uma cultura do levar vantagens. Amei ver estes projetos e as ilustrações aqui apresentadas para coroar seu belo depoimento com toda sua sabedoria e experiência, que muito vem a somar nas propostas das meninas. É o caso seu e da Chica e tenho acompanhado deste a primeira postagem, onde faço questão de ler todas e bom se tivesse mais gente com seus depoimentos. Ensinar a real historia dos negros no Brasil seria uma forma de educar libertando preconceitos e discriminações. Sua visão da criticidade da vida do negro é perfeita e muito ainda vamos marchar, para atingir uma excelência amiga.
    Muito boa sua postagem e participação em mais este tema..
    Carinhoso abraço amiga.
    Beijo de paz no coração.

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