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Reunião da escola

238.
Guardem esse número - duzentos e trinta e oito.

Recebi por e-mail o comunicado de uma reunião da escola da filha; foi semana passada.
Gostaria de ter anotado em algum caderninho, todas as reuniões escolares que participei! Foram muitas e foram mudando ao longo do tempo.

Recordo-me de perguntar ansiosa para minha mãe sobre como tinha sido "a minha reunião". Ela contava uns pedaços e ressaltava "coitada da mãe do Gerson, ficou toda sem jeito de tanto que a professora reclamou do menino".

Era um tempo em que se falava ali no coletivo, em público mesmo das dificuldades de um aluno. Anotávamos na agenda o dia da reunião e tínhamos que pedir para os pais assinarem. Ou, levávamos um papel mimeografado, cheirando a álcool para papai ou mamãe assinarem na linha arroxeada!

Com meus filhos, a psicologia já tinha avançado e essas conversas difíceis se tornaram restritas e particulares.

Eu admirei muito a primeira reunião escolar que fui. Uma inovação para mim: a professora estava disponível no período da manhã e atendia individualmente cada pai, mãe, família. Foi acolhedor poder falar exclusivamente só do nosso filho e seus progressos e dificuldades.

Em outras escolas, seguiam-se o modelo das reuniões coletivas com uma abertura no final para conversas em particular.

Já no ensino fundamental, a reunião era um plantão com todos os professores. Funcionava assim: após a fala da coordenadora, ou mesmo da diretora, eram entregues um envelope grande com todas as provas feitas naquele bimestre e o boletim das notas. Cada pai/mãe poderia após olhar o conteúdo do envelope, se dirigir ao professor de uma matéria, ou várias e ter uma conversa individual.

No ensino médio, a distância entre pais e professores é total, eu diria ( refiro-me a escola onde meu filho esteve e hoje estuda a Júlia ). Não conheço nenhum professor. A comunicação é virtual. Temos acesso a todas as atividades diárias, tarefas, recados, notas, tudo referente ao aluno é disponibilizado num portal. E podemos ser chamados ou marcar um horário para falarmos com a coordenação.
As reuniões são mais raras.
E levando em conta esse aspecto, a escola tem como proposta aproximar mais os pais, fazendo reuniões que abordam outros assuntos e aspectos além do pedagógico.

Foi o que aconteceu na semana passada.

Aqui um trecho do comunicado enviado por e-mail:

Lembramos que esse encontro tem como intuito auxiliar na educação dos jovens e, portanto, discutirá as mudanças da sociedade, das gerações e da escola, buscando refletir sobre as relações nas famílias e no ambiente escolar.


Foi uma reunião interessantíssima e também, fazendo uso dos superlativos, tristíssima.

Por que triste?

Lembram daquele número lá em cima, com o qual eu começo este texto? Aquele é o número de alunos do 1˚ ano do Ensino Médio matriculados na escola.

Duzentos e trinta e oito alunos distribuídos em várias salas.

Na reunião estavam duas mãe e eu. 

238 alunos e 3 mães.

Podemos subtrair os filhos gêmeos e também os únicos trigêmeos do colégio. Ainda assim, foram apenas três pais/mães para a reunião.

Para mim, o maior problema da educação, para além de governos e desgovernos, é que os pais esquecem que são pais de filhos adolescentes também. E eles, adolescentes, precisam, embora não queiram e não pareçam, de pais, de responsáveis próximos, que olhem para eles.

Gostaria que isso fosse apenas aqui nesta escola, mas ouso acreditar que é mais constante do que imaginamos.

Uma criança exige muito de nós, mas quando crescem continuam a exigir. Adolescentes, jovens ainda não estão prontos para uma independência total.

O que acham?

Beijo.




Comentários

  1. Ana, como eram boas aquelas reuniões quando eles eram ainda pequeninhos. Ganhávamos os desenhos, as primeiras redações, os errinhos. Depois, vieram as dificuldades em algumas matérias, reclamações de conversas na sala, etc..

    Até que chegam no ensino médio( falo agora, acompanhando o Neno em cada atividade)... Também temos um portal ,mas ainda bem, ainda não senti a sensação dele ser um número, como em grandes colégios acontece.,. Entramos lá e todos sabem que somos vô e vó do Neno.... Por falar nisso, amanhã Kiko e ele farão parte de uma barraquinha junina...Imagino : vão vender quentão!

    ( Como o Kiko tem o sotaque italiano, brincamos que ele vai dizer> quenton, rs) Importante que vai participar!!!

    Agora, voltando ao teu texto, muito, muito triste mesmo ver que de 238 alunos, apenas 3 ou 4 compareceram. O que isso significa? Pra mim muito! Pena, pena mesmo! Os adolescentes, por si só ,já se retraem e tantas vezes temos que puxar palavras como com um desentupidor de pia, rs... E se não se sentirem acompanhados, apoiados, tudo só piora!

    Bah, fiz jornal aqui novamente! beijos, lindo fds! chica

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  2. Oi Ana, primeiramente obrigada por ter me avisado sobre o post.. Sempre que lembrar pode me falar. No meu email chega um dia depois. Chegou hoje...
    Sobre as folhas em mimeógrafos que falamos, não me esqueço o cheirinho de alcool e a vontade que eu tinha de mexer naquela máquina... Mais do que isso a gente se lembra de pai e mãe, do cheirinho de merenda nas salas de aula, daquele tempo fascinante que era infância... suspiros por aqui
    Mas hoje eu tenho saudade do infantil da Maria... Falava hoje pro Cris quando apresentei a professora de Inglês da Maria que estava na barraca de doces da festa junina. Eu perguntei: Você é a professora de inglês não é?
    São tantos professores e tão distantes (pq não tem como ser diferente) que hoje não sabemos direito quem é quem... Até o fundamental 1 ainda tinhamos um contato maior pq era uma fixa para quase todas as materias.

    Aqui temos uma reunião geral no incio das aulas em que falam da escola. Depois reuniões periódicas e espaçadas divididas no ano. Mas é como as suas. A conversa em particular para o aluno que está com alguma dificuldade.
    No mais , tudo é feito pelo aplicativo também.

    Mais do que isso Ana, sinto por alguns professores não terem a didática e acolhimento necessário em sala de aula... Uns gatos pingados, mas penso que nao deveria ser assim... mais triste só o aluno sentir e a escola não se dar conta disso....

    Enfim.. tudo vai mudando não é mesmo?
    Mas quanto a pergunta que você fez, Sim... eles precisam muito... Acho que em questão de atenção é uma fase que exige muito.. embora eles não queiram tanta conversa e pegação no pé e como disse a Chica é preciso um desentupidor pra arrancar palavras rs, eles precisam muito. São carentes, necessitados de orientação, limite, atenção...

    Li uma vez que o adolescente é um ser solitário. Pq está com um pé na infância outro na adolescência, pq tudo muda na sua vida e pensa que ninguém o compreende.... Pq se sente sozinho no seu mundo de transformações intensas...

    É preciso atenção redobrada, preocupação ao extremo e deixá-los perceber que apesar de crescidos, tem pais que prestam atenção em suas coisas, neles e que estão sempre atentos e presentes quando precisarem...

    Vamos sobrevivendo ao crescimento e às modernidades da vida...
    Que os pais fiquem atentos às suas joias raras... depois crescem e somem no mundo...

    Beijos doces

    Tê e Maria ♥

    ResponderExcluir
  3. Ana, ouso afirmar que estamos e viemos de uma geração que está totalmente em uma matrix.
    Enquanto a gente não despertar e sair desse mundo de ilusões, onde corremos do nada para lugar nenhum, estaremos seguindo um fluxo sem rumo.
    Despertar é urgente, porém é trágico para o mundo atual, que será necessário retroceder para avançar... Precisamos voltar as origens, cuidar com carinho do nosso tesouro, a família!
    Pais estão em fuga em seus próprios mundos, enquanto isso filhos seguem desestruturados sem referências de amor, educação, ponderação, empatia.
    Triste realidade Aninha, não ter pais na reunião, porque são os detalhes a grande diferença. no mundo, na vida...
    Beijos doces,
    Ju

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